quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Os 5 melhores livros que li em 2014

Feliz 2015! Muitos e bons livros é aquilo que vos desejo para o novo ano, porque assim, mesmo que haja momentos menos bons (não haverá certamente!), terão uma boa companhia que vos ajudará a ultrapassá-los.

E que melhor forma de começar um ano do que olhando para o anterior e fazendo um balanço? Pois bem, de 2014 pode-se dizer algo que se aplica a todos os anos: gostava de ter lido mais! Mas infelizmente entre nós e os livros há o quotidiano que faz com que apenas tenhamos 1 hora por dia, muitas vezes menos, para dedicar àquilo de que mais gostamos. Mas apesar de tudo, foi um ano interessante em termos de leituras. Arrependimentos? Ainda não foi o ano do meu encontro com a poesia, mas talvez esse ano nunca vá acontecer…

2014 foi o ano em que li Cortázar pela primeira vez. Foi o ano em que aprofundei o meu conhecimento da obra de Marguerite Duras. Foi o ano em que descobri que não gostava de Beckett (conclusão que me parece que será reafirmada em 2015). Foi o ano em que iniciei uma relação que se adivinha longa e frutuosa com Patrick Modiano. Foi o ano em que completei a Trilogia do Cairo de Naguib Mahfouz, comprei o “Toda a Mafalda”, a poesia e os contos completos do Miguel Torga, a Trilogia USA do John dos Passos, o “The Wonderful Wizard of Oz” de L. Frank Baum, o “Sinfonia Pastoral” do André Gide e o “São Paulo” do Teixeira de Pascoaes. Foi o ano em que recebi o “Todos os Contos” do Edgar Allan Poe, o “Manual de Pintura e Caligrafia” do Saramago, o “As I Lay Dying” do Faulkner e o “Jacques, O Fatalista” do Diderot. Enfim, foi um ano cheio de literatura.

Como sabem, não foco as minhas leituras nos livros que vão saindo durante o ano, porque acho que essa noção de temporalidade não faz sentido associada à literatura e o bom leitor tem de se encher de passado. Só conhecendo os grande autores podemos estar prontos para receber os novos. Assim sendo, ser-me-ia impossível fazer uma lista dos melhores livros publicados em 2014, pelo que o que vos proponho é um top dos 5 melhores livros que li no ano que passou.


“Os Escritores (Também) Têm Coisas a Dizer” de Carlos Vaz Marques, Tinta-da-China



A entrevista é um género difícil, porque exige um equilíbrio entre controlo e improviso por parte do entrevistador muito difícil de conseguir. As entrevistas de Carlos Vaz Marques são momentos de deleite em que o véu que cobre os escritores é retirado, revelando-nos o que se esconde por trás, a essência daqueles que nos guiam com as suas palavras. 12 entrevistas incontornáveis de 12 das figuras mais importantes da literatura portuguesa dos últimos anos.


“Tudo São Histórias de Amor” de Dulce Maria Cardoso, Tinta-da-China



“Dulce Maria Cardoso revela-nos em doze contos as verdades dos amores, verdades que muitas vezes não queremos ver, que tentamos conscientemente ignorar mas que, na por vezes cruel honestidade das palavras, somos obrigados a reconhecer. Esses amores podem tanto ser o amor de um criminoso pelos livros, como em A Biblioteca, e o eterno debate que levanta sobre a arte enquanto redenção (perspectiva que tanto apoquenta George Steiner – como podiam os dirigentes nazis, responsáveis por tantas atrocidades, apreciar boa arte, ter a sensibilidade necessária para a conseguirem apreciar?), como o amor por algo que não nos pertence, pelo desejo de que seja nosso, pela inveja, tal como acontece em Este Azul que Nos Cerca.”



3º “Uma Barragem Contra o Pacífico” de Marguerite Duras, Difel



““Uma Barragem Contra o Pacífico” apresenta-nos uma Duras disciplinada, seguindo um modelo mais tradicional de romance, num estilo que, possuindo já os motivos que caracterizariam toda a sua obra, não se encontrava ainda completamente formado. Mas a capacidade de evocar imagens poéticas e de chocar pela profundidade honesta dos sentimentos revela uma escritora com uma capacidade única: a de criar uma história que nos incomoda, nos faz sair do nosso centro e que gera entre nós e as personagens, mesmo aquelas que não nos são muito simpáticas, um elo de compreensão. Um romance maior do séc. XX.”



“O Jogo do Mundo (Rayuela)” de Julio Cortázar, Cavalo de Ferro



“Lemos livros. Muitos livros. De alguns só nos lembramos do título. De outros lembramo-nos como se os tivéssemos acabado de ler. Muitas vezes esquecemo-nos de quando os lemos, dos caminhos que percorremos com eles nas mãos, do ponto em que nos encontrávamos nas nossas vidas quando abrimos as suas primeiras páginas. Mas nunca poderemos esquecer os dias vividos ao lado de “O Jogo do Mundo (Rayuela)”, editado em Portugal pela Cavalo de Ferro, da descoberta de uma nova forma de ler, diferente de tudo, percorrendo um caminho projectado por Julio Cortázar sem que ele próprio soubesse ao certo a que destino nos faria chegar.”



“O Evangelho Segundo Jesus Cristo” de José Saramago, Caminho



“Saramago restituiu a Maria e a Jesus a sua dignidade enquanto seres humanos e apresenta-nos um Evangelho escrito pela perspectiva de Jesus, não porque ele o narre, mas porque são os seus interesses que estão no centro da história e não a caprichosa vontade divina.

Saramago realiza na escrita deste livro um acto de enorme coragem, não só pelo quão herético é tudo o de nos apresenta (segundo as crenças da Igreja), mas por agarrar na mais conhecida história do mundo cristão e ousar recriá-la como se usasse as mesmas notas, mas produzisse uma música diferente, com laivos enevoados da original.“

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