segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ponto de Fuga: uma nova editora com um pé no passado



É com uma nota de melancolia, mas com promessas de diversão à mistura, que a Ponto de Fuga se apresenta ao mercado editorial português. A nova editora, que se posiciona como generalista (a ficção, a não ficção, a poesia e o infantojuvenil estão na sua mira), assume como uma das suas missões recuperar obras que desapareceram das livrarias, num claro esforço de preservação da memória.

Vladimiro Nunes, ex-jornalista do Sol e fundador da Ponto de Fuga, juntamente com a sua mulher Fátima Fonseca, referiu à Lusa que "as grandes editoras andam distraídas e parece-nos que há boas coisas que ainda podem ser feitas e editadas", razão pela qual, apesar do contexto de crise, consideraram viável este projecto. E em bom momento o fazem, porque também me parece que há uma área editorial por explorar: temos editoras focadas nas novidades, editoras focadas nos grandes clássicos, mas ninguém está muito atento às obras que desapareceram das livrarias portuguesas ou que nem sequer lá chegaram a entrar. Só esta declaração de intenções inicial já merece sonoras e calorosas boas-vindas à Ponto de Fuga!

Mas a ambição não fica por aqui e a Ponto de Fuga pretende ser mais do que uma editora. A ideia é criar na sua sede em Lisboa, na Rua de Ponta Delgada, uma pequena “mercearia cultural” em que, para além dos livros da própria editora, estarão também disponíveis outras obras escolhidas a dedo pelos editores e uma selecção de discos em vinil. Mas calma, que ainda não perderam nada, porque a loja será hoje aberta ao público, assinalando o 63º aniversário da publicação na Dinamarca da primeira tira do Petzi, a primeira aposta da Ponto de Fuga.


Viagens ao passado com Petzi e Natália Correia



O clássico da BD que marcou os anos 80 em Portugal, na altura editado pela Verbo, e que mereceu uma referência de Nuno Markl na sua “Caderneta de Cromos”, marca a estreia da Ponto de Fuga, que reeditará os 3 primeiros livros da colecção: “Petzi Constrói um Barco”, “Petzi e a Baleia” e “Petzi e a Mãe Peixe”. Criado pelo casal Vilhelm e Carla Hansen, ele responsável pelas ilustrações, ela pelos textos, Petzi surgiu em 1951 na Dinamarca, ficando a cargo de Susana Janic a tradução directamente do original.

A Ponto de Fuga continuará sob o signo pelo passado no início de 2015, altura para que está programada a reedição de “Não Percas a Rosa” de Natália Correia, o diário escrito pela autora entre Abril de 1974 e Dezembro de 1975 e que nos revela um olhar em primeira mão sobre a Revolução do Cravos.

E depois? Depois tudo está ainda no segredo dos deuses. Resta-nos esperar por mais novidades e desejar à Ponto de Fuga muitos sucessos.

Sem comentários:

Enviar um comentário