Ando a dever-vos, já há algum tempo, uma actualização
relativamente a novidades editoriais. Passemos então em
revista os últimos meses, mesmo a tempo das férias de Verão e de algumas
compras de última hora.
Não será certamente surpresa que, na minha
opinião, o grande lançamento editorial dos últimos meses nos chegou pelas mãos
da Relógio D’Água que decidiu, finalmente, pegar na obra de Marguerite Duras e,
duma vez só, editar “Moderato Contabile” e “Olhos Azuis, Cabelo Preto”.
Infelizmente são dois livros que já tenho na minha biblioteca, mas é sempre bom
ver Duras a voltar às livrarias.
Não satisfeita com este lançamento, a Relógio D’Água tem submergido
os seus leitores numa torrente de grandes livros: os volumes VIII e IX dos contos de Tchékhov, “A Morte de Virgílio” de Hermann Broch num único volume, “Ressurgir”
de Margaret Atwood e “Falsos Segredos” da Prémio Nobel Alice Munro, só para
referir os principais. Com um conjunto de livros como este a Relógio D’Água continua
a melhorar um catálogo que é de longe o melhor em Portugal. E a concorrência
não parece ter pernas para acompanhá-la…
A Porto Editora, como já vos disse anteriormente, tem estado focada em Saramago, com as novas edições de alguns dos seus livros e também
com a publicação de “Lanzarote – A Janela de Saramago”, que reúne fotos de João
Francisco Vilhena com excertos dos “Cadernos de Lanzarote”. E, assinalando os
quatro anos da morte de Saramago e os dois anos da revista online Blimunda, a
Fundação José Saramago preparou uma belíssima edição especial em papel da Blimunda que reúne alguns dos principais artigos publicados nestes dois anos,
assim como um artigo original. Eu já tenho a minha e digo-vos que vale mesmo a
pena!
E por falar em coisas que valem mesmo a pena, os últimos
meses da Tinta-da-China foram marcados por uma autora (e não, não estou a falar
da Matilde Campilho). Depois do lançamento do inacreditavelmente bom “Tudo São Histórias de Amor”, tivemos Dulce Maria Cardoso em dose tripla, com os dois
primeiros números da colecção juvenil “A Bíblia de Lôá” – “Lôá e a Véspera do Primeiro Dia” e “Lôá Perdida no Paraíso” – genialmente ilustrados por Vera
Tavares e uma nova edição de “O Chão dos Pardais”, romance que valeu à autora o Prémio PEN
Club em 2009. Para além disso, consta que vem aí uma nova edição de “Jacques, O
Fatalista” de Denis Diderot, um dos grandes títulos da colecção de humor organizada por Ricardo Araújo Pereira. Praise the lord!
A Dom Quixote recuperou algum do seu vigor depois de meses
de absoluto tédio. E assim chegaram até nós “Os Factos” de Philip Roth, o terceiro volume das “Obras Completas” de Urbano Tavares Rodrigues, “Contos Maravilhosos”
do Prémio Nobel Hermann Hesse e o clássico “O Leopardo” de Giuseppe Tomasi di
Lampedusa.
A Cavalo de Ferro apostou num Prémio Nobel pouco explorado
em Portugal e publicou o ensaio “Massa e Poder” de Elias Canetti, continuando
também a publicação de obras de Julio Cortázar com o volume de contos “As Armas Secretas”, preparando as comemorações do centenário do seu nascimento.
E terminemos em português, com a Quetzal, que nos trouxe uma
nova edição de “Ernestina” de Rentes de Carvalho e um novo livro de José
Eduardo Agualusa, “A Rainha Ginga”, que conta a história de uma mítica heroína
Angolana.
Esperam-nos agora meses calmos até à rentrée em Setembro/Outubro, um dos pontos altos editoriais do ano. Pode ser que entretanto a Ahab regresse à vida, depois do destaque que teve no ano passado com a promessa de publicar em Portugal "A Minha Luta" de Karl Ove Knausgård e de, entretanto, não ter editado livro nenhum.
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