Há uns meses surgiu o anúncio de uma nova editora. Mas não se trata apenas de mais uma, daquelas que surgem pela calada com promessas de mundos e fundos e depois se desvanecem (Divina Comédia, onde estás tu?!). A E-Primatur traz-nos uma aposta diferente, que não é uma garantia de sucesso, mas que promove uma nova visão sobre a edição de livros.
Iniciando a sua acção com a publicação de alguns clássicos, foi
neste ponto que o projecto me conquistou, estando entre os primeiros títulos “Voss”
de Patrick White, um Prémio Nobel esquecido pelas editoras, “O Salão Vermelho”
de August Strindberg e “O Caso do Camarada Tvlayev” de Victor Serge, tendo sido
estes dois últimos livros incluídos na lista dos 1000 romances a ler antes de morrer do The Guardian. São escolhas arrojadas, de qualidade inegável, mas são apenas o começo,
porque a E-Primatur é ainda mais ousada do que isto.
Criar a primeira plataforma de crowdfunding em Portugal, é
esse o objectivo principal, contando a editora ter no segundo ano um catálogo que inclua sugestões recolhidas e que seja sujeito à apreciação do público, que poderá investir num livro pagando cerca de 1/3 do seu valor final e recebendo-o sem custos adicionais se a publicação se concretizar. Mas,
mais do que uma forma de financiar o livro, a plataforma é sobretudo uma forma
de analisar a reacção do mercado, podendo avançar-se com a publicação mesmo sem que o
valor mínimo de apoio seja atingido. E se o projecto não avançar? Bom, nesse
caso o dinheiro é devolvido.
Para ajudar ao bom desempenho de cada projecto haverá padrinhos,
figuras proeminentes do mundo cultural, que incitarão o público a investir no
seu livro. Para já, aguardamos pela finalização do site que permitirá à editora
começar a mostrar o que vale, para que todos possamos receber nas nossas casas os clássicos com que nos têm acenado.
Associados à E-Primatur há outros serviços editorias
complementares, mas é este o núcleo da sua acção. Resta-nos dar os parabéns a
Hugo Xavier, Pero Bernardo e João Reis, os cérebros por detrás da E-Primatur,
pela sua coragem e desejar que nos devolvam livros até agora esquecidos e nos
tragam mais autores por editar em Portugal.
Espero que seja um projeto de sucesso para a editora e para os leitores. Infelizmente não conheço nenhum dos 3 livros e escritores da foto, mas isso talvez seja mais um estímulo do que uma razão para não acompanhar e comparticipar no projeto.
ResponderEliminarNão conhece o Carlos, nem conheço eu, nem 98% dos portugueses, daí que seja importante trazê-los para as nossas livrarias. Eu tinha ouvido falar do Victor Serge e do August Strindberg exactamente pela lista elaborada pelo The Guardian que é um dos meus apoios em termos de decisão de leitura. O Patrick White conhecia por andar a tentar ler o maior número de Prémios Nobel possível e segundo o que consegui apurar já houve em tempos um livro dele editado por cá, mas que hoje é impossível de encontrar.
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