Aos 28 anos, a minha idade, pensa-se sobre a vida. Sobre o
pouco que se conseguiu, o muito que se deseja e as dificuldades que se adivinham.
Dizem-se ainda coisas como “um dia vou escrever um livro”, porque ainda não há
muita pressa, ainda há tempo, não muito, mas ainda há. Ou então, aos 28 anos
pode-se ser um escritor consagrado e ganhar o The Man Booker Prize, como
Eleanor Catton acabou de fazer. Obrigado Eleanor por tornares ter 28 anos tão
mais agradável! Sem pressão!
“The Luminaries” é o segundo romance de Eleanor Catton, seguindo-se
a “O Ensaio” editado em Portugal pela Gradiva, que consegue a proeza de
ser o maior romance a receber o The Man Booker Prize (mais de 800 páginas). Em Portugal ainda não há sinal do livro, mas haverá certamente alguém neste
momento numa editora a planear a sua publicação (caso contrário, estamos mal!).
Por enquanto, resta-nos olhar para a crítica internacional e roer as unhas de
ansiedade. Parece ser um livro notável.
O que a crítica diz de “The Luminaries”
«A novela de Catton faz amplo uso das ferramentas da intriga
tradicional, que em parte certamente explicam o que motiva muitos dos nossos
mais brilhantes escritores actuais a localizar a sua ficção no passado: falsificação de assinaturas e caligrafia, escutar atrás de portas e encontros
clandestinos, pessoas do passado de alguém que surgem e o desmascaram, cartas
roubadas e comunicações atrasadas, a ausência de uma permanente
disponibilidade, que parecem inexistentes num contexto moderno.»
Lucy Daniel no
Telegraph
«Catton conseguiu um curioso caso de dupla escrita – pode escrever
mais e mais sobre uma coisa, e ela vai significar cada vez menos. As
personagens não ganham profundidade no decorrer da história; afastam-se cada
vez mais de nós. Quanto mais palavras lhes são atribuídas, menos sabemos sobre
elas. A última secção do livro é constituída por corajosas analepses, com os
capítulos a tornarem-se cada vez mais finos até serem uma mera página, à
medida que a história é desvendada.»
Kirsty Gunn no The Guardian
«Sim é
grande. Sim é inteligente. Mas façam um favor a vós próprios e leiam “The
Luminaries” antes que alguém tente confinar os seus prazeres ao ecrã, pequeno
ou grande. Pode não ser algo a dizer nos dias que correm, mas esta é uma
história escrita para ser absorvida das páginas.»
Simmy Richman no The Independent
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