quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Booker Prize de Eleanor Catton ou o que fazer aos 28 anos


Aos 28 anos, a minha idade, pensa-se sobre a vida. Sobre o pouco que se conseguiu, o muito que se deseja e as dificuldades que se adivinham. Dizem-se ainda coisas como “um dia vou escrever um livro”, porque ainda não há muita pressa, ainda há tempo, não muito, mas ainda há. Ou então, aos 28 anos pode-se ser um escritor consagrado e ganhar o The Man Booker Prize, como Eleanor Catton acabou de fazer. Obrigado Eleanor por tornares ter 28 anos tão mais agradável! Sem pressão!

“The Luminaries” é o segundo romance de Eleanor Catton, seguindo-se a “O Ensaio” editado em Portugal pela Gradiva, que consegue a proeza de ser o maior romance a receber o The Man Booker Prize (mais de 800 páginas). Em Portugal ainda não há sinal do livro, mas haverá certamente alguém neste momento numa editora a planear a sua publicação (caso contrário, estamos mal!). Por enquanto, resta-nos olhar para a crítica internacional e roer as unhas de ansiedade. Parece ser um livro notável.


O que a crítica diz de “The Luminaries”


«A novela de Catton faz amplo uso das ferramentas da intriga tradicional, que em parte certamente explicam o que motiva muitos dos nossos mais brilhantes escritores actuais a localizar a sua ficção no passado: falsificação de assinaturas e caligrafia, escutar atrás de portas e encontros clandestinos, pessoas do passado de alguém que surgem e o desmascaram, cartas roubadas e comunicações atrasadas, a ausência de uma permanente disponibilidade, que parecem inexistentes num contexto moderno.»

Lucy Daniel no Telegraph


«Catton conseguiu um curioso caso de dupla escrita – pode escrever mais e mais sobre uma coisa, e ela vai significar cada vez menos. As personagens não ganham profundidade no decorrer da história; afastam-se cada vez mais de nós. Quanto mais palavras lhes são atribuídas, menos sabemos sobre elas. A última secção do livro é constituída por corajosas analepses, com os capítulos a tornarem-se cada vez mais finos até serem uma mera página, à medida que a história é desvendada.»
Kirsty Gunn no The Guardian


«Sim é grande. Sim é inteligente. Mas façam um favor a vós próprios e leiam “The Luminaries” antes que alguém tente confinar os seus prazeres ao ecrã, pequeno ou grande. Pode não ser algo a dizer nos dias que correm, mas esta é uma história escrita para ser absorvida das páginas.»
Simmy Richman no The Independent

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