Primeiro Philip Roth, agora Alice Munro. Após ter vencido o Trillium Book Award com “Amada Vida”, recentemente publicado em Portugal pela Relógio D’Água,
Alice Munro anunciou em entrevista ao National Post a sua intenção de dar por
encerrada a sua carreira literária. Com o seu último livro a ser considerado um
dos melhores que escreveu, elogiado pelo forte cunho autobiográfico, Alice
Munro desdramatiza a decisão, com um descontraído “it’s nice to go out with a
bang.”
Alice Munro é, aos 81 anos, uma das maiores autoras vivas, certamente o
maior nome da literatura canadiana contemporânea, e uma eterna candidata ao
Nobel da Literatura (será este ano?). Uma espécie de Meryl Streep da literatura,
Alice Munro colecciona prémios. Dos catorze livros de contos que publicou, quase
todos foram premiados, ao que se junta ainda os prémios que recebeu pela
globalidade da sua obra, com especial destaque para o Man Booker InternationalPrize em 2009.
De Alice Munro li “A Vista de Castle Rock” e parece-me que é a opção ideal para quem dá os primeiros passos no mundo dos contos. Numa
progressão temporal ao longo de onze contos, Munro revisita a história da sua família,
desde a partida dos seus antepassados da Escócia em direcção à terra das
oportunidades, a América, até à viagem que a própria Munro se sente compelida a
fazer, em busca das campas desses mesmos antepassados. Há por isso um sentido
de unidade nos contos, que confere ao livro algumas características de um
romance tradicional.
A escrita de Munro não é épica. Munro não escreve sobre acontecimentos
incontornáveis, escreve antes sobre a vida, sobre os pequenos momentos que a
definem e, com subtileza, cria com o leitor uma empatia profundamente enraizada,
como se a sua família fosse a nossa, como se a sua história fosse também a nossa.
E no fundo é, porque Alice Munro recupera em “A Vista de Castle Rock” algo que
me é particularmente caro, que é a nostalgia de um mundo perdido. O olhar para
um espaço que já nos disse tanto e não encontrar nele qualquer vestígio do que
outrora foi.
Que livros de Alice Munro estão traduzidos em português?
Há seis livros de Alice Munro editados no nosso país, todos
eles pela Relógio D’Água:
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