Enquanto algumas editoras aproveitam esta altura do ano para
irem a banhos, presenteando os leitores com a ausência de novidades ou com
novidades ao bom estilo silly season, há quem continue a editar com qualidade,
apesar do Verão.
A Relógio D’Água tem tido um ano em cheio, com uma sucessão
alucinantes de livros imperdíveis. E em Julho será igual. Para já, estão a chegar
às livrarias “animalescos” de Gonçalo M. Tavares e uma nova edição de “Mensagem”
de Fernando Pessoa. Porquê uma nova edição de um livro já bem presente no
mercado? Porque esta edição conta com a edição de Teresa Sobral Cunha, uma
especialista em Pessoa que fez um trabalho notável na edição, também da Relógio D'Água, de “Livro do Desassossego”. Se isso não chegar, há ainda o prefácio de
Prémio Camões Eduardo Lourenço, um dos maiores pensadores portugueses da
actualidade. Mais argumentos? É da Relógio D’Água, e se há uma máxima na minha
vida literária que defendo é que tudo o que a Relógio d’Água faz, faz bem.
Para além destes 2 livros, a Relógio D'Água continua com a
publicação da obra completa de Shakespeare (projecto de que em breve vos quero
falar), desta feita publicando os 2 volumes de “Henrique IV”, não esquecendo também
a obra completa de Nabokov, complementada com 2 das principais obras do autor: “Lolita”
e “Pnin”. E para rematar, ainda vão publicar mais livros, entre os quais “História
Imortal” de Karen Blixen, a autora de “África Minha”.
A Cavalo de Ferro promete para dentro em breve a publicação
de “Paraíso e Inferno” de Jón Kalman Stefánsson, mais um nome cimeiro da
literatura nórdica a figurar no seu catálogo. Enquanto isso, a Antígona, fiel à
sua postura irreverente, já fez chegar às livrarias “Singela Proposta e Outros Textos Satíricos“ de Jonathan Swift (mais conhecido por ser autor de “As
Viagens de Gulliver”), sendo que a singela proposta parece ter algo a ver com a
degustação de crianças…
Destaque também para a continuação da reedição das obras de
Isabel Allende pela Porto Editora, recuperando os títulos editados pela Difel que entretanto
desapareceram do mercado, sendo a vez de “De Amor e de Sombra”, “Contos de Eva Luna”, “Retrato a Sépia” e “A Soma dos Dias”. Não podendo deixar de mencionar também a corajosa escolha da Divina Comédia, que se estreia nos clássicos da
literatura universal com “História da Minha Vida” de Giacomo Casanova, após uma
eclética selecção de obras portuguesas.
A Civilização, para além do muito premiado "O Livro Negro" Hilary Mantel, expande a colecção Novos Clássicos (que concilia os preços em conta, com um design muito apelativo), com principal destaque para a publicação de "História de Duas Cidades" de Charles Dickens, "Os Maias" de Eça de Queirós e "Viagens na Minha Terra" de Almeida Garrett.
Para os fãs de não ficção, a Edições 70 tem uma proposta
muito interessante: “As Cruzadas Vistas Pelos Árabes” de Amin Maalouf. Podem
chamar-me etnocêntrico, mas a verdade é que nunca tinha pensado criticamente
sobre as Cruzadas e de facto, pondo-nos no lugar dos árabes, haverá certamente
muitos episódios dignos de nota e não pelas melhores razões.
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