Setembro é o mês das grandes novidades literárias e algo
ficou claro: a recta final do ano será dominada pelos grandes grupos editoriais,
que já têm as suas novidades nas livrarias e prometem uns próximos meses
agitados.
E porque Outubro é
mês de novo Nobel da Literatura, Setembro é o mês de editar antigos premiados.
Se no ano passado a Quetzal marcou o final do ano com a edição de “A Piada Infinita” do Foster Wallace, este ano parece pronta a repetir a proeza com algo inédito em Portugal: com apenas 8 dias de diferença da edição
espanhola, foi editado em português o novo livro de Vargas Llosa, “O Herói Discreto”. Se isto não é algo marcante, não sei o que será. No mínimo é um
precedente fantástico e que talvez aponte caminho para o futuro da edição em Portugal.
Para fazer frente a esta iniciativa de peso, a Dom Quixote acena
com a edição do último livro de Coetzee, “A Infância de Jesus”. Mas porquê ter
apenas um Prémio Nobel quando se pode ter dois ou três, certo? Não fosse
Coetzee sair-se mal no confronto com Vargas Llosa, a Dom Quixote conta ainda
com a mais do que necessária reedição de “O Lobo das Estepes” de Hermann Hesse
(que não se encontra nas livrarias desde a falência da Difel) e na edição de mais um
livro de William Faulkner, “Mosquitos”.
Fora dos grandes grupos, a única editora a aventurar-se para
já no mundo dos Nobel da Literatura é a Cavalo de Ferro, que continua a
publicação de obras de Knut Hamsun, desta vez com “Mistérios”. Mas a fidelidade
da Cavalo de Ferro aos seus autores não se fica por aqui e, alguns meses após a
edição do 1º livro, a publicação das obras completa de Ferreira de Castro
continua, desta feita com “A Missão”, que é para já a melhor capa da reentrée
literária.
E por falar em autores portugueses, a grande novidade do mês é sem
dúvida o primeiro livro de Valter Hugo Mãe com a Porto Editora – “A Desumanização”. Outro marco de Setembro é a edição pela Dom
Quixote da “Antologia Poética“ de Natália Correia, uma das figuras de proa da
cultura portuguesa do séc. XX e que, misteriosamente, tinha desaparecido das
livrarias e dos catálogos das editoras.
Fora estas novidades de literatura portuguesa, a Assírio
& Alvim presenteia-nos com a reedição de obras de duas mulheres
incontornáveis: Maria Velho da Costa, com “Casas Pardas”; e Sophia de Mello
Breyner Andresen, cuja obra poética começa a ser reeditada com “No Tempo Dividido”, “Mar Novo”, “Poesia” e “Coral”.
E as principais novidades de Setembro são estas. Duas notas
finais: primeiro, a Relógio d’Água está assustadoramente calada, falando-se em
alguns artigos de imprensa que a publicação de “Ulisses” de James Joyce e de “Guerra
e Paz” de Tolstói está prevista para os próximos meses, mas até ao momento não há lista de novidades de editora,
como habitualmente, nem nenhum livro publicado em Setembro; segundo, a Tinta da China entrou em Setembro com várias novidades, mas algo de estranho – a ficção ficou
de lado, o que é preocupante, tendo em conta que são desta editora duas das
melhores colecções de ficção dos últimos anos (a de Literatura de Humor e Clássicos). Reservar-nos-á a Tinta da China novidades de ficção para breve?
Sem comentários:
Enviar um comentário