Um poema de “Cólofon”:
Lawrence's, Quarto Tradição
Dormes, e eu não. O que tem sido
uma
constante, inversamente recíproca,
dos dias e
das noites que aceitámos partilhar.
Lá em baixo,
a desoras, o rebanho
passa,
faz-me ouvir os breves
badalos,
entre folhagem seca.
De Lisboa só
nos chegam notícias
fúnebres,
dispensáveis. Caim deu boleia
a Abel, num
automóvel de luxo.
E
arrasta-se, entre putas e ladrões,
um tango
triste que já não queremos dançar.
É apenas
isso. Dorme. Talvez amanhã,
subitamente,
o mundo nos pareça perdoável.
Curiosidades sobre o autor:
Dirige a editora Averno, escreve críticas literárias para o Expresso e é um dos responsáveis pela revista “Telhados de Vidro”.
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