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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Desbloqueadores de conversa sobre literatura: O Mia Couto ganhou o Prémio Neuquê?!


Há umas semanas 99% dos portugueses nunca tinham ouvido falar no Neustadt. Mas tudo mudou de figura na semana passada quando Mia Couto foi anunciado como o vencedor deste ano do Prémio, e agora a percentagem de desconhecimento deverá ter descido para os 90%. Sim, porque no caso do Neustadt o nível de prestígio é directamente proporcional à não divulgação do prémio, pelo menos fora dos EUA.

Mas afinal de onde saiu o Prémio Neustadt? Bom meus caros, tenho a dizer-vos que também eu cobri a minha cara com vergonha quando, há uns meses, o descobri e me apercebi que estava perante o segundo prémio literário internacional mais importante. Sendo um prémio concedido pela obra e não por um livro em específico, o âmbito do Neustadt é muito semelhante ao do Nobel: são elegíveis escritores de todas as nacionalidades, sejam ficcionistas, poetas ou dramaturgos, havendo no entanto o condicionante de que parte significativa da sua obra tem de estar traduzida em inglês. Mas em termos de processos de selecção o Neustadt aproxima-se mais do Booker, sendo para cada edição nomeado um júri pelo Director Executivo da World Literature Today (o único membro permanente) e cada membro sugere um candidato, formando-se assim uma shortlist que servirá de base às deliberações que decorrem na Universidade de Oklahoma.


Até ao momento o Prémio Neustadt foi atribuído a 22 escritores, 4 dos quais mulheres, 4 dos quais vencedores também do Nobel da Literatura. Mia Couto foi o segundo lusófono premiado, tendo o prémio sido concedido anteriormente o brasileiro João Cabral de Melo Neto. Portugueses só mesmo na shortlist, tendo sido nomeados Saramago (em 2004), Lobo Antunes (em 2002) e Alberto de Lacerda (em 1980) – serei o único a nunca ter ouvido falar em tal pessoa?

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Desbloqueadores de conversa sobre literatura: O Prémio Nobel da Literatura? Não é eleito pelo Professor Marcelo?


Todos os anos, no início de Outubro, um escritor ascende ao estatuto de Deus. Por muitos detractores que possa ter, o seu nome será inscrito na memória colectiva pelos anos vindouros, a sua obra chegará a mais países, as livrarias serão nos próximos meses invadidas pelos seus livros, muitos livros que, legitimados pelo Prémio Nobel, serão comprados com garantia de qualidade. Mas como ascende um escritor ao Prémio Nobel da Literatura?

Bom, para começar ajuda ter uma vasta e elogiada obra ou, em alternativa, ter nascido num país nórdico (o facto de haver muitos Prémios Nobel destes países não terá certamente nada a ver com o facto de o órgão que elege o premiado ser a Academia Sueca). Mas será este processo de eleição uma experiência mística, em que uma pitonisa com ligação directa ao Olimpo se apresenta perante a Academia Sueca anualmente, sussurrando em transe o nome do eleito? De maneira nenhuma. Receber o Prémio Nobel será certamente uma experiência transcendental, mas o processo de eleição está longe de o ser.

Na próxima 5ª feira vamos conhecer o laureado de 2013, mas na verdade tudo começou há algum tempo atrás, não na ilha do Sol, mas em Setembro do ano passado, altura em que o Comité do Nobel da Literatura enviou convites a quem reunia condições para nomear o próximo premiado. Quem foram os nomeadores? Os membros da Academia Sueca e outras academias, instituições e sociedades equivalentes a nível internacional, professores de literatura e linguística, anteriores laureados e os presidentes das sociedades de autores dos diferentes países. Os nomeadores tiveram até 31 de Janeiro para remeter as suas nomeações ao Comité, que avaliou a legitimidade da sua proveniência (para garantir que apenas nomeou quem o podia fazer), apresentando à Academia uma lista inicial para ser validada. A Academia, no seu site, alerta: «It often happens that the same names are put forward time after time, until the nominee either wins the prize or dies or the sponsors give up.»

Ora bem, o Comité reuniu a lista dos nomeados dos nomeadores qualificados e apresentou-a à Academia, que com base nela tomou uma decisão, certo? Não é bem assim. Acontece que a lista de nomeados é sempre alvo de uma censura inicial, na qual são retirados pelo Comité nomes que a Academia nem se predispõe a avaliar, nomeadamente, escritores científicos cujo trabalho não tem valor literário, escritores de qualidade duvidosa e escritores nomeados por outras razões que não pelos seus méritos literários. O Comité, constituído por 4 ou 5 membros da Academia, tem por isso um papel determinante, condicionando de forma não muito clara (existem critérios exactos para eliminar nomeados com base num critério de qualidade?) os nomes que serão considerados pela Academia.

O trabalho do Comité resultou então numa lista preliminar de cerca de 20 candidatos que foi apresentada à Academia Sueca em Abril, que a aprovou, devolvendo-a ao Comité, que teve a missão de a reduzir aos 5 nomes prioritários e apresentá-los à Academia em Maio (lista que ainda pôde ser alvo de alterações). Seguiu-se um Verão de ponderação, em que os membros da Academia leram as obras dos 5 candidatos, preparando-se para as sessões de aceso debate que decorreram no mês de Setembro, até que no início deste mês mais de metade da Academia Sueca chegou a acordo relativamente ao vencedor.


E pronto, ao vencedor resta celebrar no dia 10 de Outubro e a nós resta-nos arranjarmos espaço na prateleira para mais um autor. Quem será o vencedor este ano? A minha aposta vai para um norte-americano (EUA ou Canadá), sendo os meus favoritos a Alice Munro e o Philip Roth, mas acredito que seja possível que o eleito seja Cormac McCarthy ou, quem sabe, Joyce Carol Oates. A ver vamos…

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Desbloqueadores de conversa sobre literatura: Geração Beat?! Não sei do que falas.




Não, a Geração Beat não é um grupo de jovens viciados em hip hop ou em música de dança. Os vícios desta geração são outros, o mais importante dos quais a liberdade. Mas quando falo em liberdade, não me refiro a um sentimento positivo de ser livre, mas antes ao desejo de destruir barreiras, de questionar as convenções sociais, de afirmar a sua individualidade, de testar os seus próprios limites.

Nos anos 50, os horrores da 2ª Guerra Mundial eram ainda uma realidade próxima. Juntando este mal-estar instalado na sociedade a uma juventude sem rumo, tudo condimentado com largas doses de desejo de livre (não esquecendo uma pitada de drogas, um raminho de experiências sexuais alternativas e uma colher de Budismo), assim se criou a Geração Beat, uma espécie de “Vencidos da Vida” versão americana. Se bem que os “Vencidos da Vida” caminhavam pelo mundo exalando conformismo, sentimento que a Geração Beat apenas conheceria se alguma droga o tivesse como efeito secundário. A geração “batida” estava longe de estar derrotada, pelo contrário, tinha ânsias de confronto, de chocar, de atacar, de romper com tudo e com todos.

Depois de 2 obras julgadas por obscenidade, de mortes prematuras, alguns assassinatos e suicídios, muito sexo e drogas, bastante vagabundagem pelo mundo e um estilo literário que rompia com os cânones, aproximando a literatura da língua falada (com os rejeitados da sociedade em 1º plano), a Geração Beat influenciou uma nova onde de escritores, sendo a poesia moderna sua eterna devedora.

Principais livros:
Pela Estrada Fora” de Jack Kerouac
Howl” de Allen Ginsberg
Festim Nu” de William S. Burroughs