terça-feira, 28 de outubro de 2014

Paraíso dos livros: Colecção “Biblioteca da Academia”


Em tempos queixei-me por aqui de que a literatura brasileira era um pouco maltratada em Portugal. De facto, tirando Jorge Amado, Paulo Coelho e talvez Rubem Fonseca, os restantes autores brasileiros são publicados de forma errática. Se entrarmos em clássicos então, o panorama ainda se torna mais negro. Mas se nem os nossos autores clássicos acarinhamos, quanto mais os de outro país!

E é por isso que a colecção “Bibioteca da Academia”, resultante de uma parceria entre a editora Glaciar e a Academia Brasileira de Letras, é tão significativa. Num gesto de profunda coragem a Glaciar dá uma lição às grandes editoras ao mostrar que a iniciativa pode muitas vezes mais do que os recursos, conseguindo implementar um projecto com um horizonte de cinco anos, no qual 25 obras de 25 notáveis da literatura brasileira serão publicadas. Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian na divulgação, haverá anualmente uma sessão, no dia 29 de Setembro (o dia do nascimento de Machado de Assis), em que serão apresentados os cinco volumes publicados nesse ano.

As obras a serem incluídas nesta colecção abrangem tanto a ficção, como o ensaio e a poesia, estando previsto que até ao final de 2014 seja ainda publicado o romance “O Ateneu” de Raul Pompeia. Para já são quatro os livros editados: uma colectânea com os nove romances de Machado de Assis (“Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena”, “Iaiá Garcia”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”), a “Poesia Completa” de João Cabral de Melo Neto e, na não-ficção, “Os Sertões” de Euclides da Cunha e “Dialética da Colonização” de Alfredo Bosi.

Se tudo o mencionado até ao momento já seria suficiente para que este projecto merecesse o nosso aplauso, resta ainda referir que todos os volumes são apresentados em cuidadosas edições em capa dura, com o design e ilustrações das capas a cargo de Rui Garrido. Por esta altura não é segredo para ninguém a minha adoração por capas duras, mas mais do que isso, o que me fez passar do aplauso à ovação foi a iniciativa de oferecer às bibliotecas públicas portuguesas um exemplar de cada um dos volumes da colecção, para assegurar que há uma difusão de facto da literatura brasileira no nosso país.

Um projecto com pés e cabeça. A Glaciar e a Academia Brasileira de Letras estão de parabéns e, se me é permitido meter uma cunha, uma edição do “Grande Sertão: Veredas” do João Guimarães Rosa seria melhorar o que já é perfeito.

domingo, 26 de outubro de 2014

A dependência dos livros - presentes de aniversário


Ao contrário do que o título vos pode levar a pensar, não acabei de fazer anos. Na verdade já passaram mais de quatro meses desde o meu aniversário. Mas então, porquê só agora um post sobre os presentes recebidos? Bom, não há nenhuma razão profundamente lógica. São os males da procrastinação.

Curiosamente, este foi o ano em que recebi mais livros de autores portugueses. Não poderiam faltar a Dulce Maria Cardoso e o Saramago neste lote, é claro, pública que é a minha adoração por ambos. Urbano Tavares Rodrigues e Rentes de Carvalho são dois autores que queria muito conhecer e foi-me feita a vontade.

Mas nem só de literatura nacional se alimenta uma alma, sendo também necessários autores internacionais. E se forem premiado, melhor, como é o caso de “Vida Roubada” de Adam Johnson, que recebeu o Pulitzer no ano passado, e de “As I Lay Dying” do Pémio Nobel William Faulkner (uma belíssima edição da Folio!). E também na categoria internacional, uma autora que há muito andava à procura de um lugar na minha prateleira – Flannery O’Connor.

Para terminar, num tom menos literário e mais musical, que me dizem a uma “Mozipedia”, ou seja, um enciclopédia sobre Morrissey e os The Smiths? A mim parece-me perfeito.

Deixo-vos com a lista completa:

As I Lay Dying” de William Faulkner, The Folio Society
Lôa Perdida no Paraíso” de Dulce Maria Cardoso, Tinta-da-China
Manual de Pintura e Caligrafia” de José Saramago, Porto Editora
Mozipedia” de Simon Goddard, Plume Books
Nenhuma Vida” de Urbano Tavares Rodrigues, Dom Quixote
O Chão dos Pardais” de Dulce Maria Cardoso, Tinta-da-China
O Rebate” de J. Rentes de Carvalho, Quetzal
Um Bom Homem É Difícil de Encontrar” de Flannery O’Connor, Cavalo de Ferro
Vida Roubada” de Adam Johnson, Saída de Emergência

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Em estado crítico: "No Café da Juventude Perdida" de Patrick Modiano


“A partir daquele momento, houve uma ausência na minha vida, um clarão que não só me causou uma sensação de vazio, como me impediu de ver. Toda aquela claridade cintilava em mim como uma luz viva, radiosa. E assim será, até ao fim.”


À deriva. Caminhando por ruas sem destino, na esperança de que o acaso nos leve a um lugar em que haja um sentido maior que se evidencie e que nos revele quem somos, o que devemos fazer, o porquê das coisas terem acontecido assim. E que essa descoberta nos dê o oxigénio que necessitamos para continuar, para que as miragens se convertam em realidade e das frustrações nasçam forças.

Modiano fala-nos em “No Café da Juventude Perdida” sobretudo de identidade. A memória, elemento comummente associado à sua obra, tem o seu contributo, mas que é secundário face às preocupações existencialistas condensadas na jovem Louki, que um dia, inesperadamente, entra na vida dos clientes habituais do café Condé. Louki? Ou devemos antes dizer Jaqcqueline Delanque? Logo no nome da protagonista a problemática começa-se a evidenciar. Jacqueline deixa que a clientela do Condé a trate por Louki, sem nunca os corrigir, porque no fundo um ou outro nome não fazem a diferença, ela continua sempre a ser a rapariga sem pai, com uma mãe distante, que a deixou deambular sozinha pelas ruas, a tentar encontrar respostas.

Na rua Jacqueline conhece Jeannette, apropriadamente conhecida como Caveira, e naquele momento o seu destino sela-se. Modiano não é muito claro sobre o que une as duas raparigas, deixam-se no ar insinuações de que pode ter ocorrido um episódio de violência sexual com dois conhecidos, mas nada é dito com clareza. O que sabemos é que a presença de Jeannette suscita em Jacqueline más recordações e que há uma certa tentativa de distanciamento quando decide casar com um homem que conhece mal, sem muitas mais razões do que ele afirmar que quer cuidar dela.

Mas o casamento é mais uma deambulação de Jacqueline e apenas serve para que tenha a certeza que aquele não é o seu lugar. E do casamento foge para umas sessões sobre ciências ocultas e, finalmente para o Condé, conhecendo pelo caminho Rolland que, curiosamente ou não, também não é conhecido pelo seu verdadeiro nome.

O percurso de Jacqueline até se tornar em Louki, a namorada de Rolland, é-nos apresentado por Modiano neste breve livro, divido em cinco partes, com a perspectiva de quatro personagens. Modiano, que é frugal na escrita, opta por uma construção da narrativa um pouco mais complexa e sobre a qual tenho algumas dúvidas, porque acredito que se a visão de Rolland ocupasse todo o livro o resultado final seria melhor. Na verdade Modiano é desde o início muito bem-sucedido na construção do ambiente, na espécie de sedução mística em que envolve a figura de Louki, na comunhão na desorientação que caracteriza os clientes do Condé. Mas a verdadeira dimensão do livro só se revela quando Rolland assume o controlo e deixamos de ter uma história interessante para termos algo que pressentimos ter um significado mais profundo.

Mas, contas feitas, que revela “No Café da Juventude Perdida”, o romance que a revista Lire considerou o melhor publicado em 2007, sobre as qualidades de Patrick Modiano? Diz muito. A suavidade de Modiano, a simplicidade da sua escrita, parecem à partida converterem-no num escritor olvidável. Mas é exactamente através dessas dimensões da sua escrita, que ele domina magistralmente, que consegue criar um elo com o leitor, talvez porque de início nos convença que vamos ler um livro emocionalmente distante e contido e, quando baixamos as guardas, nos surpreenda com uma intensidade cirúrgica de beleza delicada. Modiano promete!

“No Café da Juventude Perdida”
Patrick Modiano
Edições ASA

Classificação: 17/20

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Richard Flanagan, o terceiro australiano a vencer o The Man Booker Prize


O The Man Booker Prize for Fiction 2014 acaba de ser anunciado e, no primeiro ano em que o prémio esteve aberto a todos os escritores de língua inglesa e em que se temia a entrada de americanos na corrida, acabou por ser um australiano a levar a melhor: Richard Flanagan com o livro “The Narrow Road to the Deep North”.

Estive a acompanhar o anúncio em directo na BBC e os ingleses de facto são especiais. Os comentadores, logo para começar, criticaram todos os livros, apesar de considerarem o lote de finalistas notável. Ironia das ironias, Richard Flanagan foi o que recebeu comentários mais duros.Que o Booker Prize não tem o prestígio do Nobel já todos sabíamos, mas ter de beijar a Camilla Parker Bowles em vez da Rainha Silvia já é abusar um bocado. Enfim, nada na vida é perfeito.

A cumprir-se a tradição dos últimos anos, alguma editora portuguesa pegará certamente neste livro que virá fazer companhia a “Os Luminares” de Eleanor Catton, o vencedor do ano passado, publicado recentemente pela Bertrand. Até lá, fiquemos com a sinopse:

“The Narrow Road to the Deep North” é uma história de amor entre um médico e a mulher do seu tio, que se desenrola ao longo de meio século.

Retirando o seu título de um dos mais famosos livros da literatura japonesa, escrito pelo grande poeta haiku Basho, a novela de Flanagan tem no seu centro um dos mais infames episódios da história japonesa, a construção da Ferrovia da Birmânia (a Ferrovia da Morte) na Segunda Guerra Mundial.

No desespero de um campo de prisioneiros de guerra japonês na Ferrovia da Morte, o cirurgião Dorrigo Evans é perseguido pelo caso que teve com a jovem mulher do seu tio dois anos antes. Lutando para salvar os homens sob o seu comando da fome, da cólera, da violência, recebe uma carta que vai mudar a sua vida para sempre.

(tradução da sinopse apresentada no site do The Man BookerPrize)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Patrick Modiano, o Prémio Nobel que quase ninguém conhecia


Quem, fora da França, quando se levantou ontem, sabia quem era Patrick Modiano? Quase ninguém. O próprio Modiano possivelmente duvidava que a Academia Sueca sequer soubesse quem ele era. E lá estava ele, num jardim, a dar um tranquilo passeio matinal, quando a filha lhe liga para lhe dar a boa-nova. Coitado do homem que contava ter um dia normal e de repente tem pessoas da organização do Nobel a quererem entrevistá-lo por telefone. Modiano não consegue esconder o seu nervosismo e surpresa, gagueja, perde-se nas frases, balbucia respostas pouco coerentes. O resultado é este:

(podem ler uma transcrição da entrevista em inglês aqui)

Sempre que o vencedor do Prémio Nobel é um autor desconhecido erguem-se logo vozes. “Tem algum jeito receber cicrano o prémio e beltrano ficar de mãos a abanar?!”, dizem toldados por esse que é o mais nobre dos sentimentos – a indignação. Eu, que até sou uma pessoa que se indigna bastante, no que diz respeito ao Prémio Nobel da Literatura sou todo paz e amor. Se vencer um autor que eu conheça e goste (como no ano passado), perfeito. Se vencer alguém desconhecido, óptimo, porque isso quer dizer que vamos ter a oportunidade de conhecer um novo escritor. Livros serão traduzidos, livros esgotados serão reeditados e todos nós poderemos ler um autor que em princípio será de qualidade e que de outra forma se calhar nunca viríamos a conhecer.

Recebi por isso esta notícia com alegria e, nunca sequer tendo ouvido falar de Patrick Modiano, prontamente me dirigi à Wook onde, por sorte, ainda estava disponível “No Café da Juventude Perdida” a 4.9€, livro que prontamente encomendei e que passados 10 minutos já estava esgotado. Depois pesquisa-se um pouco sobre Modiano e afinal percebemos que às tantas nós é que andámos este tempo todo distraídos. Venceu o Goncourt, o Grand prix du roman de l'Académie française e o Austrian State Prize for European Literature. E até tem bastantes livros publicados em Portugal:

“Domingos de Agostos” e “Um Circo que Passa” editados pela Dom Quixote 
(ambos esgotados)

Na Rua das Lojas Escuras” editado pela Relógio d’Água 
(quase quase a esgotar)

”Dora Bruder” e “No Café da Juventude Perdida” editados pela Asa 
(ambos esgotados)

O Horizonte” editado pela Porto Editora

Após o recato e ponderação inerentes a uma leitura crítica poderemos então discutir os méritos de Patrick Modiano. Para já temos as palavras da Academia, que o elogia pela “arte da memória com que evocou os mais incompreensíveis destinos humanos e revelou o mundo quotidiano da ocupação”. A ver vamos.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Especulações sobre o Prémio Nobel da Literatura 2014


E chegámos à semana do ano em que os escritores mais conceituados do mundo sobrevivem à base de comprimidos de valeriana e de chás de doce-lima. Só o equacionar de que é possível receber o Nobel da Literatura deve ser o bastante para deixar qualquer um à beira de uma apoplexia, afinal de contas não é todos os dias que a nossa vida pode mudar por completo e, no caso do Prémio Nobel, isso acontece mesmo, não é só uma ideia senso-comum.

Pois bem, mas vamos à vaca fria: quem receberá o Prémio Nobel este ano? E comecemos já por expurgar desta conversa o nome de Murakami que, independentemente do que as apostas do Ladbrokes digam, não tem hipóteses nenhumas de ganhar o prémio, por não ter suficiente relevância literária (só li um livro dele mas cheira-me que não vou mudar de opinião) e por ser uma escolha óbvia. Diz-nos a experiência que a Academia não vai em ondas e raramente atribui o Prémio a quem manifesta querer recebê-lo e a quem tem grandes bases de apoio em campanha activa. Continuemos, dizendo que Margaret Atwood também pode estar sossegada no seu canto porque a probabilidade de duas mulheres canadianas receberem o Prémio em anos consecutivos é ínfima.

Dito isto, e tendo por base uma via meramente especulativa, é notório que há uma tendência, desde que Peter Englund assumiu o lugar de Secretário Permanente da Academia em 2009, para pagar dívidas. Vargas Llosa era a grande falha em termos de autores latino-americanos, Tomas Tranströmer era um eterno candidato e há 15 anos que o Prémio Nobel não era atribuído a um poeta, Mo Yan foi apenas o 2º chinês premiado (o que era um desequilíbrio gritante tendo em conta a dimensão do país e o facto do Japão já ter há muito dois laureados) e Alice Munro era uma eterna candidata e quase exclusivamente contista, género ignorado pela Academia até ao momento.

Seguindo a lógica das dívidas, na minha opinião há duas grandes falhas por parte da Academia:
  • Até hoje só receberam o Nobel da Literatura 4 autores africanos
  • Há apenas um laureado de língua portuguesa

E estes são dois problemas que a Academia tem de resolver. Resta saber qual será prioritário. Partindo destes dois grupos, eu aposto, com base no prestígio internacional, em 3 nomes. Se pesar mais o factor africano o vencedor deverá ser Ngũgĩ wa Thiong'o, pelo seu lado político (esteve preso durante 1 ano devido a uma peça de teatro) e por ter estado nos nomes apontados como favoritos nos últimos anos. Se pesar mais o factor língua portuguesa, o Brasil clama há muito por um Prémio que muitos pensavam que acabaria por ser entregue a Jorge Amado. Neste momento Ferreira Gullar parece-me ser dos autores brasileiros aquele com maior projecção internacional, e importa lembrar que para poder ser eleito para o Prémio Nobel tem de se ser nomeado previamente e a dimensão internacional tem nesse âmbito um papel fundamental.

Mas a minha grande aposta é uma 3ª via, a que concilia os factores África e língua portuguesa: Mia Couto. Será? Terá Mia Couto hipóteses? Certamente que tem e bastam dois argumentos: a vitória do Neustadt International Prize no ano passado (considerado o prémio literário de maior prestígio a seguir ao Nobel) e o facto de “Terra Sonâmbula” ser considerado um dos 12 melhores livros africanos do século XX.

Enfim, tudo isto são especulações assentes em critérios lógicos e não necessariamente em méritos literários. Mas quem sabe o que passa pela cabeça dos membros da Academia? Se muito bem calha ainda dão este ano o Prémio ao Philip Roth, depois de ele ter deixado a vida pública, só para contrariar. Tudo é possível!

domingo, 5 de outubro de 2014

A dependência dos livros - edição Setembro de 2014


Estes últimos dias têm sido muito focados no lado comercial, bem sei, mas não podia deixar de partilhar hoje convosco, como habitualmente, as minhas compras do último mês. Para além de 2 presentes de queridas amigas (“Jacques, O Fatalista” de Diderot e “Mais um Número de Feira” de Tom Robbins), Setembro foi um mês de alguma contenção. “Papéis Inesperados” de Cortázar foi comprado na promoção de livros da Cavalo de Ferro na FNAC, pelo que me ficou a metade do preço, e “Olive Kitteridge” de Elizabeth Strout (que parece literatura light mas não é – tem o selo Prémio Pulitzer!) custou-me menos de 3€ numa promoção da Wook. "Descascando a Cebola" de Günter Grass é que não teve direito a desconto nenhum, mas precisava dele para um artigo que vou escrever, pelo que tive de deixar uma nota de 20€ ir à sua vida.

Mas estas compras são secundárias face ao verdadeiro achado que foi “A Sinfonia Pastoral” de André Gide, livro completamente esgotado que tentava comprar há anos e que encontrei finalmente no Sr Teste a 7€. 

A outra grande compra deste mês é “Alabardas, Alabardas,Espingardas, Espingardas”, o último livro de Saramago. A edição é muito cuidada e quis partilhar convosco uma das ilustrações a carvão de Günter Grass. Já se ouvem críticas ao livro, à paginação e aos textos que se juntaram ao pouco que Saramago escreveu. Para mim isso é tudo má vontade. O livro é apresentado como uma homenagem e por isso tem elementos que normalmente um livro não teria. Havendo muito ou pouco escrito, o que interessa é a qualidade, e sobre isso ainda não ouvi grande coisa. Que tal focarmo-nos no conteúdo? Quando ler o livro, o que não será algo imediato, partilharei convosco a minha opinião, sendo que espero que esta seja uma das excepções à minha opinião genérica sobre obras póstumas inacabadas