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terça-feira, 26 de maio de 2015

O dia em que Margaret Atwood me deu um autógrafo


Há uns tempos falei-vos do projecto Future Library, que vai desafiar 100 escritores, ao longo de 100 anos, a escreverem livros que serão guardados numa biblioteca em Oslo, ao mesmo tempo que numa floresta crescem 100 árvores que daqui 100 anos serão utilizadas para produzir o papel em que os livros serão impressos e finalmente dados a conhecer ao público. Margaret Atwood teve a honra de ser a escritora escolhida para dar início ao projecto e hoje foi o dia em que o seu manuscrito foi oficialmente entregue.

Para assinalar este dia marcante, a Future Library organizou um passatempo na página de Facebook, em que o prémio era um exemplar exclusivo da capa do livro de Margaret Atwood em versão digital, autografada pela escritora e por Katie Paterson, a artista que concebeu o projecto. Pois bem, a sorte esteve do meu lado e, tal como outras 49 pessoas, tive a honra de receber a minha capa hoje por email e não pude resistir a partilhá-la convosco.

Tenho uma capa autografada de um livro que nunca poderei ler. E esta hein?

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Future Library: livros para ler em 2114


Ser lido daqui a 100 anos, uma ambição para muitos escritores, porque o tempo funciona como uma peneira artística, separando o trigo do joio e conservando na memória colectiva apenas os mais relevantes autores. Por isso ainda hoje lemos Dickens, Eça, Cervantes e continuaremos a ler por muitos mais anos.

Mas, e se houvesse uma espécie de canal no tempo que permitisse às obras de escritores contemporâneos serem lidas daqui a 100? Esse foi o ponto de partida da artista escocesa Katie Paterson que concebeu um projecto que se centra tanto na preservação da literatura no tempo, como no ambientalismo e sustentabilidade. 100 escritores serão convidados ao longo de 100 anos para escreverem livros que permanecerão fechados numa sala especialmente criada na Deichmanske bibliotek em Oslo, sem que nenhuma informação sobre o seu conteúdo possa ser conhecida. Esta sala foi criada por Paterson com madeira de árvores da floresta de Nordmarka, no lugar das quais foram plantadas 100 novas árvores que crescerão durante o século em que os manuscritos irão sendo progressivamente escritos. O círculo completa-se em 2114 quando das 100 árvores plantadas se fabricará o papel para publicar os 100 livros incluídos no projecto.


Margaret Atwood teve a honra de ser convidada para ser a primeira escritora a contribuir com um manuscrito, num acto que conserva em si a crença de que o Homem não deixará de ler nestes 100 anos e que nessa altura ainda haverá livros em papel (pelo sim pelo não, deixaram instruções sobre como imprimir um livro). Atwood refere-se a este projecto como uma espécie de reminiscência da infância e do desejo de enterrar objectos para os reencontrar anos depois.


Nenhum de nós saberá que tesouros estarão fechados na Future Library. Desta biblioteca apenas podemos aceder à esperança nela conservada e à melancolia de quem escreve sem saber para quem e de um texto que será pela primeira vez lido por alguém que ainda não nasceu.