Por vezes falta aos nossos editores a motivação para olharem
para os clássicos. Não porque não os leiam e apreciem, mas porque pensam que
não há mercado para eles. E assim se vão criando grandes lacunas no nosso
mercado editorial (é gritante que nenhuma editora pegue na “Comédia Humana” de
Balzac e a publique por inteiro). Mas há excepções.
A Relógio d’Água, o grande reduto dos clássicos em português
(elogie-se também o trabalho feito pela Tinta da China), depois das excelentes
edições de Tolstoi, Dostoievski, Eliot e Dickens, só para nomear algumas,
iniciou a publicação da tradução da obra dramática completa de Shakespeare,
numa colecção intitulada “Projecto Shakespeare”.
Em parceria com os membros do grupo de investigação
Shakespeare e o Cânone Inglês e o CETAPS - Centre for English, Translation and
Anglo-Portuguese Studies (pólo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto),
e com a coordenação de Manuel Gomes da Torre, a Relógio d’Água propõe-nos
edições de rigor académico, seja na fixação do texto em inglês, seja na
tradução que, sendo feita por uma pessoa, usufrui do conhecimento da obra e
tempo de Shakespeare do grupo de trabalho envolvido no projecto. Todos os
livros virão acompanhados de um pequeno ensaio introdutório de análise à obra e
à sua recepção ao longo dos tempos, com particular destaque para a sua
importância no âmbito da cultura portuguesa (traduções, encenações…).
Como se isto tudo não bastasse, ao adequado e intemporal
grafismo dos livros, junta-se a capa dura (darem-me uma capa dura é meio caminho
andado para me fazerem feliz) e, porque não, as folhas, bem grossas de papel a sério,
papel com textura de papel, com cheiro de papel.
Até ao momento foi lançado “Romeu e Julieta”, durante a
Feira do Livro de Lisboa, que obviamente já se encontra na minha estante, sendo
que está previsto para bem breve (próximos dias?) os 2 volumes de “Henrique IV”.
Obrigatório comprar!