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domingo, 25 de janeiro de 2015

A dependência dos livros - presentes de Natal


Se o Natal é quando um homem quiser, hoje parece-me o dia indicado para fazer um balanço dos presentes de Natal recebidos. Mais uma vez os meus queridos amigos foram extremosos e, entre outras coisas, agraciaram-me com este conjunto de livros. Algumas surpresas neste grupo: “O Homem que Plantava Árvores” de Jean Giono, de que nunca ouvira falar, e “O Prazer e o Tédio” de José Carlos Barros, que se pode dizer que veio parar às minhas mãos por um capricho do destino.

Muito interessante o facto de quase todos os meus amigos terem optado por literatura portuguesa recente, e ainda bem que o fizeram, porque “Que Importa a Fúria do Mar” de Ana Margarida de Carvalho e “O Meu Amante de Domingo” de Alexandra Lucas Coelho suscitaram-me imenso interesse e foi com muita alegria que os recebi. E “Os Meus Sentimentos” será mais um episódio na minha relação próxima com Dulce Maria Cardoso.


Para terminar, um pequeno mimo sob a forma de um livro antigo, que contém fábulas de La Fontaine traduzidas por alguns notáveis da literatura portuguesa, entre os quais Bocage, Curvo Semedo e Filinto Elísio.

domingo, 29 de dezembro de 2013

A dependência dos livros: presentes de Natal

Natal é dar e receber. Já vos falei de dar, agora é a vez do receber. E no meu caso, receber é muitas vezes sinónimo de livros. Este ano a colheita natalícia foi excelente, com três livros que queria muito ler: “Os Escritores (Também) Têm Coisas a Dizer” do Carlos Vaz Marques, que reúne doze entrevistas publicadas na revista Ler; “A Filha do Coveiro” da Joyce Carol Oates, uma autora que tinha há muito um lugar por preencher na minha estante; e “O da Joana” do Valério Romão, que me conquistou em absoluto com o seu conto na Granta. Junto com o livro do Valério Romão veio um marcador do artista Ryan Sheffield, de que vos falei anteriormente, que faz retratos de autores famosos, acompanhados sempre de uma citação.


Mas, para além dos livros que me ofereceram, há também os que ofereci a mim próprio. Este ano decidi que o meu presente seria tornar-me membro da The Folio Society, pelo que me sujeitei ao grande sacrifício de comprar quatro livros: “Rogue Male” de Geoffrey Household, “Ballet Shoes” de Noel Streatfeild, “The Postman Always Rings Twice” de James M. Cain e “Peter Pan and Wendy” de J. M. Barrie (o livro que escolhi ler pelo Natal e de que vos falarei em breve). Não fossem os livros já profundamente bonitos, a The Folio Society gosta ainda de surpreender os seu leitores e veio com a minha encomenda, de oferta, o livro “Landscape into Art” de Kenneth Clark, um prestigiado historiador de arte que analisa nesta obra, a transbordar de reproduções a cores de obras-primas da pintura, a evolução da representação de paisagens.



 Diga-se de passagem que não trocava os meus presentes por nenhum dos gadgets disponíveis no mercado!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

5 livros para oferecer no Natal

Um livro é a melhor prenda que se pode dar a uma pessoa. Bom, talvez haja algo melhor… vários livros. Têm dúvidas quanto à veracidade desta afirmação? Ora vejamos, sem ser um livro, que outra prenda podem dar a alguém que possa passar de geração em geração sem perder o interesse, que proporcione várias horas de prazer, que permita conhecer novos locais e pessoas sem sair do mesmo lugar, que seja de arrumação fácil e tenha um preço em conta? Por isso, não batam mais com a cabeça nas paredes a pensar nos presentes que ainda vos falta comprar, corram para uma livraria e resolvam o assunto de uma vez! Precisam de sugestões? Os vossos desejos são ordens.


Um presente para crianças



Hans Christian Andersen escreveu alguns dos contos infantis mais memoráveis da história da literatura. “A Princesa e a Ervilha”, “A Sereiazinha” (também conhecida como “A Pequena Sereia”), “O Valente Soldadinho de Chumbo” ou “O Patinho Feio” dizem-vos alguma coisa? É claro que sim. Andersen tem uma forma muito particular de criar histórias para crianças, assegurando-se que nem tudo são relatos de felicidade e de um mundo sem problemas. O mundo não é assim, logo os contos também não o podem ser, para que as crianças possam encarar as dificuldades futuras de cabeça erguida. E assim tem sido, geração após geração, com as personagens de Andersen a povoarem as memórias de infância de todos nós. Todo este universo em "Contos de Andersen", numa lindíssima edição de capa dura da Relógio D’Água.


Um presente para quem gosta de clássicos



Falar em contos de Natal é sinónimo de falar de Charles Dickens e de “Um Cântico de Natal”, a emblemática história de Ebenezer Scrooge, um velho avarento e rezingão, que na véspera de Natal é visitado por três espíritos que o farão ver a vida com novos olhos. O segredo de Dickens é perceber que há uma melancolia intrínseca ao Natal, que anda de mãos dadas com o desejo de estarmos com aqueles que mais amamos. Não esperem por isso histórias leves e divertidas, porque há lições para serem aprendidas e Dickens é a melhor pessoa para as ensinar.

Tenho duas edições de “Contos de Natal” em português: uma da Civilização Editora e a outra da Guimarães. Os contos incluídos em cada uma são diferentes, embora se encontre em ambas “Um Cântico de Natal” e “As Vozes dos Sinos” (“Os Carrilhões”, na edição da Civilização). Se quiserem oferecer uma edição mais bonita, optem pela da Civilização. Mas se quiserem a que tem os melhores contos, então terão de comprar a da Guimarães que, para além dos contos já mencionados, tem ainda outros dois, um dos quais “As Receitas do Dr. Marigold”, um produtor instantâneo de lágrimas.


Um presente para quem só lê grande autores



Se gostam de ler e nunca ouviram falar de J. M. Coetzee é porque algo de muito errado aconteceu. Coetzee é um autor sul-africano, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2003, conhecido por um estilo de escrita económico e assertivo. “A Idade do Ferro” é um exemplo disso mesmo. Em menos de 180 páginas Coetzee apresenta-nos o confronto de uma mulher idosa a morrer de cancro com as realidades do apartheid, regime a que sempre se opusera, mas cujo lado mais negro era para si desconhecido. Quem lê o livro nunca esquecerá o relato de uma noite em particular, em que a personagem principal é acordada a meio da noite e arrastada para uma enervante viagem cujo infeliz desfecho se antevê em cada linha. Um livro obrigatório, editado pela Dom Quixote.


Um presente para os fãs de literatura portuguesa



Muito se tem falado nos últimos anos nos novos autores portugueses. E quase sempre se fala em homens, deixando por mencionar um nome incontornável, que editou nos últimos anos um livro capaz de ombrear com o que de melhor foi escrito em português. Falo de Dulce Maria Cardoso e de “O Retorno”, um livro que nos apresenta a visão de um adolescente sobre a descolonização. Confesso que o tema não me diz muito e de início tive algumas dúvidas de que esta leitura seria interessante para mim. Mas o cunho pessoal que Dulce Maria Cardoso inscreve na história, em que a descolonização interessa pelas consequências que tem para Rui e para a sua família, e não enquanto acontecimento por si só, tornou a leitura deste livro numa experiência muito intensa.

Incomodou-me um pouco a forma como Rui fala dos africanos que, digamos, não é propriamente abonatória nem respeitosa, mas essa é uma das provas da excelência de Dulce Maria Cardoso: a não necessidade de criar personagens perfeitas, conseguindo que nos identifiquemos com as pessoas, sem que nos identifiquemos com as suas opiniões. Um clássico para as gerações futuras, com a chancela da Tinta da China.


Um presente para quem só lê não ficção



As biografias históricas estão na moda. Ou melhor, as biografias romanceadas. Há por isso que prosseguir com cuidado nesta área ou corremos o risco de levar para casa uma história que de real só tem o esqueleto, preenchido com os devaneios românticos de escritoras de qualidade duvidosa. Mas há, felizmente, muitas biografias escritas por historiadores conceituados. Um bom exemplo é “Catarina de Áustria: Infanta de Tordesilhas, Rainha de Portugal” de Ana Isabel Buescu, um relato rigoroso e envolvente da vida da mulher de D. João III, uma personagem com um papel fundamental na aproximação de Portugal a Espanha, que viria a culminar com a anexação do nosso país ao império de Filipe II.

Buescu abre-nos as portas para a infância de Catarina, passada em clausura com a mãe, Joana a Louca, filha dos Reis Católicos, que após a morte do marido, Filipe o Belo, percorre parte do país numa procissão fúnebre em que, segundo as lendas, o caixão era aberto todas as noites para que Joana pudesse rever o seu amado. Trazida para Portugal para se casar com o seu primo direito, Catarina terá muitos filhos, mas apenas dois chegarão à adolescência, e ambos serão casados com os seus primos direitos, cumprindo a tradição de consanguinidade dos Habsburgo, que neste caso daria origem a duas figuras trágicas: Dom Sebastião e Dom Carlos. 

Mas se pensam que Catarina foi apenas uma figura decorativa, estão muito enganados. O seu papel no governo do país foi fundamental, num período em que Portugal se via governado por um monarca que não se pode dizer que fosse brilhante. Coube a Catarina e ao Cardeal D. Henrique prepararem D. Sebastião para governar, tarefa que se revelaria impossível, incapazes que foram de conter os ímpetos de um jovem rei, que apenas tinha quatro bisavós, em vez dos oito habituais.

Uma biografia à prova de bala de um dos períodos mais importantes da História de Portugal e de uma das rainhas mais interessantes da nossa monarquia. Entretenimento e cultura garantidos nesta edição da Esfera dos Livros.