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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Cheiro a livro novo – Março de 2015


Com a chegada da Primavera parece que veio também um renovado vigor para as editoras, que nos ofereceram bastantes novidades e diversificadas. Mas primeiro que tudo tenho de assinalar a chegada às livrarias dos primeiros livros da nova Livros do Brasil, para já 9 (“O Adeus às Armas”, “Paris é uma Festa” e “Na Outra Margem, Entre as Árvores” de Hemingway; “Mrs Dalloway” de Virginia Woolf; “As Vinhas da Ira”, “O Inverno do Nosso Descontentamento” e “A Pérola” de Steinbeck; “Música para Camaleões” de Truman Capote; e “A Condição Humana” de André Malraux), estando previstos para breve mais 3 títulos.

Em termos de literatura em língua portuguesa, o acontecimento do mês tem de ser publicação pela Tinta-da-China de “Gente Melancolicamente Louca” de Teresa Veiga, o primeiro livro da autora em vários anos. Também a Glaciar nos deu motivos para celebrar com a edição de “O Ateneu” de Raul Pompeia, mais um clássico brasileiro integrado na colecção Biblioteca da Academia. E termino os destaques de autores lusófonos com a menção a “Presa Comum”, o primeiro livro de Frederico Pedreira na Relógio d’Água, depois da atenção que captou com “Um Bárbaro em Casa”, editado no ano passado pela Língua Morta.

Os autores premiados estão bem representados nas novidades de literatura estrangeira, começando por Richard Flanagan e “A Senda Estreita para o Norte Profundo”, o mais recente vencedor do The Man Booker Prize, editado pela Relógio d’Água, que também nos traz “O Buda dos Subúrbios” de Hanif Kureishi, vencedor do Prémio Whitbread para Melhor Primeiro Romance em 1990.

Quanto a Prémios Nobel, a Presença continua a apostar em Toni Morrison com a publicação de “A Nossa Casa é Onde está o Coração”, e a Quetzal faz o mesmo com V. S. Naipaul e a edição em português de “O Enigma da Chegada”. A Quetzal regressa ainda a outro autor habitual, Roberto Bolaño, com “Noturno Chileno”.

Aproveitando a polémica em torno do último livro de Michel Houellebecq, a Alfaguara faz chegar aos escaparates “Submissão”, e a Jacarandá edita “O Assassinato de Margareth Thatcher” de Hilary Mantel, livro que inclui o conto que dá nome ao livro e que gerou uma enorme polémica em Inglaterra no ano passado.

Mantendo a tradição de terminar com a não ficção, destaque para 2 livros: “1915 - O Ano do Orpheu”, organizado por Steffen Dix, que propõe uma reflexão sobre a revista Orpheu através da perspectiva de diferentes autores; e “Tratado Sobre a Tolerância” de Voltaire, cujas conclusões partem da execução Jean Calas pelo poder judicial, quando a sua inocência parecia provada, apenas por pressão popular.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A dependência dos livros - edição Outubro de 2014


Outubro foi um mês de compras muito interessantes e, para variar, de grandes pechinchas. Houve a promoção da Wook, um leve 3 pague 2, em que comprei “Deserto” do Le Clézio e 2 livros que estavam há muito tempo na minha lista: “Contos do Gin-Tonic” do Mário-Henrique Leiria e “Sempre Vivemos no Castelo” de Shirley Jackson.

Comecei a reunir a trilogia do Cairo do Naguib Mahfouz no Natal passado, numa promoção da FNAC, na qual não estava incluído o volume do meio, o “O Palácio do Desejo”. Pois bem, deixei-me ficar calmo, pensando que não faltariam oportunidades no futuro para comprá-lo. Até ao dia em que me apercebi que o livro estava esgotado em quase todo o lado (incluindo na editora!) e entrei em pânico. Felizmente havia uma cópia à minha espera na Bulhosa, de onde veio também “O que a Noite Aprendeu do Gato” do Luís Miguel Rosa, um recém-conhecido da blogosfera.

Da promoção da FNAC com livros da Assírio & Alvim a metade do preço veio um namoro antigo, “São Paulo” de Teixeira de Pascoaes, e um livro de um autor por descobrir: “O Coronel Chabert” de Balzac.

Para completar este grupo, já de si ilustre, foi-me oferecido o “Dialética da Colonização” de Alfredo Bosi, um dos volumes da colecção “Biblioteca da Academia” da Glaciar, de que vos falei recentemente. E, para finalizar, e porque todo o bolo precisa de uma cereja que o transporte para outra dimensão, encontrei por acaso o “À Espera dos Bárbaros” do Coetzee na Fyodor Books, quando já tinha perdido a esperança de o conseguir comprar. Um final feliz, portanto.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Paraíso dos livros: Colecção “Biblioteca da Academia”


Em tempos queixei-me por aqui de que a literatura brasileira era um pouco maltratada em Portugal. De facto, tirando Jorge Amado, Paulo Coelho e talvez Rubem Fonseca, os restantes autores brasileiros são publicados de forma errática. Se entrarmos em clássicos então, o panorama ainda se torna mais negro. Mas se nem os nossos autores clássicos acarinhamos, quanto mais os de outro país!

E é por isso que a colecção “Bibioteca da Academia”, resultante de uma parceria entre a editora Glaciar e a Academia Brasileira de Letras, é tão significativa. Num gesto de profunda coragem a Glaciar dá uma lição às grandes editoras ao mostrar que a iniciativa pode muitas vezes mais do que os recursos, conseguindo implementar um projecto com um horizonte de cinco anos, no qual 25 obras de 25 notáveis da literatura brasileira serão publicadas. Com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian na divulgação, haverá anualmente uma sessão, no dia 29 de Setembro (o dia do nascimento de Machado de Assis), em que serão apresentados os cinco volumes publicados nesse ano.

As obras a serem incluídas nesta colecção abrangem tanto a ficção, como o ensaio e a poesia, estando previsto que até ao final de 2014 seja ainda publicado o romance “O Ateneu” de Raul Pompeia. Para já são quatro os livros editados: uma colectânea com os nove romances de Machado de Assis (“Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena”, “Iaiá Garcia”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”), a “Poesia Completa” de João Cabral de Melo Neto e, na não-ficção, “Os Sertões” de Euclides da Cunha e “Dialética da Colonização” de Alfredo Bosi.

Se tudo o mencionado até ao momento já seria suficiente para que este projecto merecesse o nosso aplauso, resta ainda referir que todos os volumes são apresentados em cuidadosas edições em capa dura, com o design e ilustrações das capas a cargo de Rui Garrido. Por esta altura não é segredo para ninguém a minha adoração por capas duras, mas mais do que isso, o que me fez passar do aplauso à ovação foi a iniciativa de oferecer às bibliotecas públicas portuguesas um exemplar de cada um dos volumes da colecção, para assegurar que há uma difusão de facto da literatura brasileira no nosso país.

Um projecto com pés e cabeça. A Glaciar e a Academia Brasileira de Letras estão de parabéns e, se me é permitido meter uma cunha, uma edição do “Grande Sertão: Veredas” do João Guimarães Rosa seria melhorar o que já é perfeito.