segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Os PEN do ano I: "Cólofon" de Manuel de Freitas (Prémio Poesia)


Um poema de “Cólofon”:


Lawrence's, Quarto Tradição
Dormes, e eu não. O que tem sido
uma constante, inversamente recíproca,
dos dias e das noites que aceitámos partilhar.

Lá em baixo, a desoras, o rebanho
passa, faz-me ouvir os breves
badalos, entre folhagem seca.
De Lisboa só nos chegam notícias
fúnebres, dispensáveis. Caim deu boleia
a Abel, num automóvel de luxo.
E arrasta-se, entre putas e ladrões,
um tango triste que já não queremos dançar.

É apenas isso. Dorme. Talvez amanhã,
subitamente, o mundo nos pareça perdoável.
(poema de "Cólofon" de Manuel de Freitas, ed. Fahrenheit 451) 


Curiosidades sobre o autor:


Dirige a editora Averno, escreve críticas literárias para o Expresso e é um dos responsáveis pela revista “Telhados de Vidro”.

Alguns livros de Manuel de Freitas:

A Última Porta

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