terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cheiro a livro novo - Fevereiro de 2014




E Fevereiro está a terminar e é altura de balanço. O frio que tem dominado as últimas semanas parece ter feito sentir os seus efeitos nas editoras que, para não gastarem muito calor, limitaram a sua acção ao essencial. Ou se estão a guardar os grandes lançamentos para a Feira do Livro de Lisboa, que se realizará entre 29 de Maio e 15 de Junho, ou então espera-nos um ano de indigência.

Comecemos, como é hábito, pela Relógio D’Água que, como habitualmente, continua a fazer os seus trabalhos de casa. E neste mês temos três obras de três mulheres premiadas:  “Vida Após Vida” de Kate Atkinson, vencedor do Costa Book Award 2013; Assim Para Nós Haja Perdão” de A. M. Homes, que conquistou o Women's Prize for Fiction 2013; e o único romance da incontornável Alice Munro, Prémio Nobel da Literatura 2013, Vidas de Raparigas e Mulheres”.

Na Sextante também se apostou num Prémio Nobel, mas bastante mais distanciado no tempo, continuando a edição de obras Aleksandr Soljenítsin, desta vez com “Zacarias Escarcela e Outros Contos”. Nunca me deixa de espantar a capacidade da Sextante para editar algo que ninguém estaria à espera.

Tem de ser referida também a publicação de “O Jogo de Ripper” de Isabel Allende, pela Porto Editora, embora mais uma vez o design do livro seja muito fraquinho. Isabel Allende é uma grande autora, disso não há dúvida, e a aposta da Porto Editora na sua obra é de louvar, mas a execução tem deixado bastante a desejar, o que é uma grande pena. Mas voltarei a esta questão num futuro próximo…

Este mês surgiram nas livrarias algumas obras de autores portugueses e lusófonos dignas de interesse. Uma delas é “A Experiência”, editada pela Cavalo de Ferro no âmbito do publicação das obras de Ferreira de Castro, e que é considerado um dos textos mais subversivos do autor. Outra é “Habitante Irreal” de Paulo Scott, uma premiada obra da literatura brasileira (vencedora do Prémio Machado Assis da Fundação Biblioteca Nacional 2012 e finalista dos prémios Jabuti e São Paulo de Literatura) trazida até nós pela Tinta da China. Por fim, e graças a um post de Maria do Rosário Pedreira, fiquei com muita vontade de ler “Livro Sem Ninguém” de Pedro Guilherme-Moreira, editado pela Dom Quixote, um dos finalistas do Prémio Leya 2012, que propõe algo original: contar uma história prescindindo das personagens, recorrendo apenas a objectos. Será que funciona?

E para terminar, com a não-ficção como de costume, a Antígona publica “Mary Shelley” de Cathy Bernheim, uma biografia da autora de “Frankenstein”, e as Edições 70 trazem-nos “Uma História da Violência” de Robert Muchembled, que pretende provar que a violência se encontra em decréscimo na sociedade desde o Séc. XIII. Interessante, sem dúvida.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Os livros da minha vida: “O Amante” de Marguerite Duras


“Muito cedo na minha vida foi tarde de mais. Aos dezoito anos era já tarde de mais. Entre os dezoito e os vinte e cinco anos o meu rosto partiu numa direcção imprevista. Aos dezoito anos envelheci.” (in "O Amante" de Marguerite Duras, ASA, Colecção Vintage, p.7 e 8)


No Mékong. Numa barcaça sobre o Mékong. Uma jovem de aspecto peculiar, com um estranho chapéu de abas de homem, atravessa o rio. Debruça-se da barcaça, olhando sem destino, como quem nada procura, nada espera, mas mesmo assim olha. Naquela barcaça, naquela viagem, encontrará aquilo que nem sabia desejar. De uma grande carro preto sai um chinês, mais velho do que ela, de aspecto frágil, apesar dos sinais óbvios de riqueza. Nada de comum entre os dois. Excepto aquele momento. Aquele lugar. O rumar à deriva para um destino incerto, com o conformismo de quem não sabe o que quer porque nunca sabia que isso era possível. Que era possível querer algo e escolher um caminho.

Assim começa a história de amor que marcaria a vida de Marguerite Duras, sem romantismo, sem exacerbadas declarações mútuas de amor, sem esperança. A jovem que atravessa o Mékong e o chinês rico amam-se na sua destruição, na ausência de um futuro possível para os dois. Porque o pai dele não permitiria que o filho se casasse com uma branca, e porque ela é incapaz de amar ou, pelo menos de reconhecer o amor. Tão submersa que está na história da sua mãe, que não consegue acreditar, não consegue ver uma vida para além da desilusão e das fatalidades incontroláveis que assolam o destino. A imagem do Pacífico a reclamar as terras da propriedade comprada pela sua mãe com o último dinheiro da família, após a morte do pai, galgando a barragem teimosamente erigida, contém em si uma beleza cruel e um simbolismo avassalador. Não vale a pena lutar.

Na verdade “O Amante” é tanto a história de um amor quanto é a história de uma família. Para percebermos a relação da menina de 15 anos com o seu amante chinês é necessário conhecer a sua mãe, a loucura da sua mãe, e os irmãos, um forte e assassino, o outro fraco e revoltado. Há entre os três irmãos e a mãe um laço emocional de uma grande profundidade e a convivência com a mãe enganada e indefesa inscreve em cada um deles uma ferida que nunca sarará e que determinará as suas acções. Perante o desespero da mãe, sem recursos e sem força para lutar, a filha vê naquele chinês, antes de mais, uma forma de subsistência. Mas o lado utilitário daquela relação depressa cede perante o peso dos sentimentos criados, sem que haja uma consciência profunda do que significam.

O lado mais perverso da falta de esperança é incapacitar-nos de ver o real valor das coisas, de percebermos que vale a pena lutarmos por algo, o fazer-nos duvidar daquilo que sentimos. Não pode ser! Como podemos amar, se sabemos que tudo estará destinado a um final abrupto, a uma tristeza que apagará tudo? E é quando tudo se perde, quando o destino é selado, que uma visão nítida se impõe sobre o horizonte, de uma clareza dolorosa, de uma certeza cruel. Como se pode abrir mão de tudo sem sequer lutar?

Duras escreve ao sabor das memórias, que se aproximam, primeiro cobertas por uma névoa, mas que aos poucos vão ganhando contornos definidos e que, de forma algo aleatória, abrem caminho a novas imagens vividas. E assim, com a mesma serenidade conformada com que começa a história, Duras termina-a:

“O grande automóvel dele estava lá, comprido e negro, no banco da frente o motorista fardado de branco. Estava um pouco afastado do parque para automóveis da Companhia Marítima, isolado. Ela tinha-o reconhecido por esses sinais. Era ele na parte de trás, essa forma quase invisível, que não fazia qualquer movimento, abatido. Ela estava encostada à amurada como da primeira vez na barcaça. Sabia que ele olhava para ela. Ela também o olhava, já não o via mas ainda olhava para a forma do automóvel preto. E depois, por fim, tinha deixado de o ver. O porto apagara-se, e depois a terra.” (in "O Amante" de Marguerite Duras, ASA, Colecção Vintage, p.120 e 121)

sábado, 22 de fevereiro de 2014

O 100º post e os 100 anos de Marguerite Duras


A força avassaladora e imparável do tempo revela-se uma constante fonte de surpresa. Os dias parecem horas, os meses dias, os anos passam com a facilidade de uma vida que se vai vivendo à deriva, vendo tudo passar. E num piscar de olhos, amanhã publicarei o post 100 deste blogue, quando me parece que disse tão pouco, que fiz quase nada.

Andei durante algum tempo a pensar em como assinalar este marco e, por obra do acaso, deparei-me com o facto de estar para próximo o centenário do nascimento de Marguerite Duras que, talvez ainda não saibam, mas é a autora de um dos meus livros preferidos: “O Amante”. Celebrar o centenário desta autora polémica, com uma vida tão marcante e uma escrita arrebatadoramente poética, tornou-se um imperativo. O post número 100 do blogue, que será publicado amanhã, marcará por isso o início das comemorações do centenário de Marguerite Duras, com uma resenha sobre “O Amante”, inaugurando também a rubrica “Os livros da minha vida”. Durante o mês de Março falarei ainda de “Uma Barragem Contra o Pacífico” e de “Hiroshima Meu Amor” (o DVD do filme de Alain Resnais foi recentemente relançado pela Leopardo Filmes). E no dia 4 de Abril, o dia em que Duras faria 100 anos, haverá um post especial, de cariz mais biográfico.

Neste momento estou a acabar de reler “O Amante” (é a 4ª vez que o faço) e a cada nova leitura confirma-se a relação especial que me une a este pequeno livro, que em pouco mais de 120 páginas consegue revelar mais que muitos romances em 500 ou 600 páginas. A minha primeira vez com “O Amante” nem sequer foi com o livro, mas sim com o filme, que vi algures aos 16 anos e que me impressionou por uma indelével marca de melancolia que submergia todos os momentos, mesmo os que pareciam vergar-se perante a êxtase sexual. O fascínio pelo filme, converteu-se numa devoção ao livro, que se firmou nas primeiras linhas.


Duras. Duras viveu muito. Uma vida que implorava por ser escrita, por ser imortalizada na beleza onírica das palavras. Uma vida marcada por uma história, uma história que deu um livro. Cá vos espero amanhã!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Em estado crítico: "Casa de Campo" de José Donoso

“Não foi este – que alguém me comesse – desde sempre o meu destino, já que sou uma delícia? Quem, então, melhor que vocês? Eu queria que prosseguíssemos esta aventura juntos, mas não consigo e esta será outra forma de o fazermos. E poderão salgar aquilo que sobrar da minha carne com a água salobra da nascente para que não se decomponha e levá-la convosco, para comerem pelo caminho: assim, estaremos juntos por mais algum tempo.” (in "Casa de Campo" de José Donoso, Cavalo de Ferro, p. 340)


A personagem central de "Casa de Campo" não aparece mencionada na lista de irmãos e primos que é apresentada no início. Não é um Ventura, nem um serviçal, mas também não é um antropófago selvagem, um nativo. Donoso concede as chaves da imensa casa senhorial que serve de palco à acção a um narrador omnisciente que, em vez de se esconder do leitor, se evidencia a cada página, interpelando-o, alertando-o recorrentemente para o carácter ficcional da história. Esse distanciamento face à história justifica-o com um propósito pedagógico: as acções dos Ventura devem ilustrar as consequências de certos actos, funcionando como símbolos, porque a crueldade de algumas experiências supera o que poderíamos suportar de uma história dita real.

Mas o quão fantasiosa é a história exemplar que Donoso, através do narrador, nos vai contando? Sim, os Ventura podem não ter sido pessoas reais. Marulanda, a luxuosa e misteriosa propriedade, poderá também não ter existido. Mas a essência da história que nos é contada não é mais do que uma grande analogia da forma como o poder é exercido em sociedade. Tudo começa com os divinos pais, os detentores históricos do poder, que criaram as suas próprias regras e vivem uma vida baseada em convenções, num sistema aperfeiçoado por séculos e séculos, no qual não há espaço para preocupações concretas.

Mas um poder tão definitivo, um sistema tão fechado, defronta-se sempre com um problema: os excluídos. Enquanto os excluídos foram apenas os nativos, que focados na sua subsistência secundarizavam o direito à autodeterminação, o equilíbrio manteve-se. Mas quando os filhos dos Ventura, perspicazes e cultos, começaram a pensar pela sua cabeça, o perigo começou a espreitar. O mal-estar era óbvio, embora os Ventura não o percebessem, mas faltava algo para que a situação pudesse mudar: um líder. Acontece que, para além das crianças e dos nativos, havia outro excluído: Adriano Gomara, o marido de Balbina, a irmã mais nova dos Ventura. Adriano, procurando ultrapassar as barreiras que existiam entre a família e os nativos, viu-se, numa espectacular sequência de eventos, fechado num quarto, catalogado como louco. Mas livre, entre os primos, ficou o seu filho, Wenceslao, um astuto rapaz que a mãe vestia de menina, e que será a força que irá desencadear a mudança. E chega a Revolução.

Afastados da casa por um elaborado plano, os Ventura abrem o flanco para que se apropriem do seu poder. E, num período de tempo que os Ventura, talvez inspirados pelas suas raízes históricas, consideram ter sido apenas um dia, e que as crianças revolucionárias, deixadas para trás pelos pais, acreditam tratar-se de um ano, tornam-se óbvios os perigos da tomada do poder por mãos idealistas e inexperientes. Adriano, visto como um Messias e demasiado concentrado na apropriação do poder, não definiu um plano para a fase posterior. Viu-se assim a mãos com muitos ideais, mas poucas soluções para os cumprir e assegurar a subsistência de todos. Porque numa terra em que só há direitos, depressa apenas o nada haverá para partilhar. Não era também este o mundo que Wenceslao queria e, confrontado com a incapacidade de liderança do seu pai, afasta-se e espera que um sistema que não tem como se manter de pé caia.

Não tendo os Ventura meios para combater a Revolução, têm de se servir dos seus criados, que tentam restabelecer em Marulanda um sistema reminiscente do original, mas que não poderá nunca ser o mesmo, perdida que está a inocência de todos. Mas no fim, no fim são factores exógenos que determinarão o destino. Um deles, um produto rejeitado por todos os sistemas: Malvina. Filha ilegítima de Eulália, mulher de Anselmo Ventura, Malvina foi desdenhada pela família, que lhe cerceou os direitos, embora não a renegasse explicitamente. Malvina carregava assim uma marca, que a afastava também dos seus primos, face a quem a faziam sentir inferior. É na vida de desdém e de silêncio que Malvina planeia a sua ascensão, para que um dia os Ventura não sejam mais do que meras sombras no seu caminho.

“Casa de Campo” é, sem dúvida, o romance mais original que já li. A escrita de José Donoso tem uma teatralidade incomparável, que nos enreda nas suas expressões pomposas, nas opções destemidas, nos ensinamentos implícitos, nas personagens tão frágeis, tão unidimensionais, que noutro livro poderiam ser um defeito mas que neste, fruto de uma intenção declarada, se tornam em obras de arte por direito próprio. Consciente dos méritos da sua escrita e da sólida base que construíra, capaz de assegurar a coerência de qualquer elemento que pretendesse inserir na história, Donoso dá-se mesmo ao luxo de a meio do livro se sentar no café com uma das personagens, falando sobre o livro e as suas personagens, num mundo paralelo, numa espécie de supra-realidade.

E talvez também por isso Donoso não se tenha esforçado por nos dar o final que esperávamos, mas apenas uns esboços de cenas épicas que conservam em si muito pouco de conclusivo. O que até faz sentido, tendo em conta o carácter infindável da luta pelo poder. Haverá sempre Venturas. Haverá sempre Revoluções. E o poder terminará sempre nas mãos de quem menos se espera.

Classificação: 18/20



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A dependência dos livros - edição Fevereiro de 2014


Compras de grande envergadura. Assim descreveria o meu mês de Fevereiro, dedicado que foi à compra de duas obras fundamentais de dois escritores incontornáveis, que já estavam no meu radar há bastante tempo. Falo de “Todos os Contos” de Edgar Allan Poe editado pela Quetzal, cujo primeiro volume infelizmente há muito que está esgotado e o segundo não vai tardar muito a também desaparecer dada a descida de preço de 40€ para menos de 18€. Um dos meus hábitos é ver-me livre de capas descartáveis de livros sempre que estas não me agradam e neste caso a horrorosa capa de folhas secas que cobria o livro escondia uma capa dura trabalhada com todo o primor. Nem precisei pensar duas vezes.

Curiosamente, o segundo livro que comprei, a “Poesia Completa” de Miguel Torga (um pack da Dom Quixote bem bonito, com 2 volumes), também se encontrava com uma baixa de preço significativa, tendo passado de mais de 40€ (segundo me recordo) para cerca de 30€. Parece caro? Bom, considerando que a “Antologia Poética” recentemente editada custa cerca de 23€ e cada volume separado da “Poesia Completa” está perto dos 25€, eu diria que é uma excelente compra. Se querem ter poesia do Torga não façam-se à vida porque já há poucos packs nas lojas. Comprei o meu na loja online da Leya ( já não está disponível), mas pelo que sondei ainda se avistam exemplares do livro na Ferin e na Bulhosa.

E para completar este belo ramalhete, que tal um livrinho de um Prémio Nobel por truta e meia? Neste caso, por 4.5€, que foi quanto me custou “O Amor e o Escárnio” de Dário Fo editado pela Gradiva. Um mês em grande!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

5 livros a 5 euros

Um dos meus passatempos preferidos é andar, horas e horas, à deriva em sites de livrarias, a pesquisar livros que um dia irei comprar e que vão entrando para a minha listinha de compras (sem a qual já não consigo viver). E nessas pesquisas deparo-me muitas vezes com livros conceituados a preços muito convidativos. Não sendo eu uma pessoa egoísta e pensando no vosso bem, aqui vos deixo uma lista de 5 livros que podem adquirir por cerca de 5€ (cada), para que o preço não sirva de desculpa para não ler bons livros.


“Corre, Coelho” de John Updike, Civilização (5€)


Sinopse: Harry "Coelho" Angstrom tem 26 anos e é uma antiga estrela do basquetebol. Casado com a sua namorada do liceu (alcoólica e grávida do segundo filho), vive nos subúrbios da Pennsylvania e é vendedor de acessórios de cozinha. "Coelho" começa a sentir que a sua vida não faz sentido e que só tem duas hipóteses: tentar fazer com que a sua vida seja melhor ou fugir. Decide fugir e abandona a família. Quando parte em direcção a Virgínia encontra o seu antigo treinador que o apresenta a Ruth, uma prostituta em part-time, e nessa mesma noite começam a viver juntos. "Coelho" só não sabe o que o futuro lhe reserva…

Reconhecimento: Considerado pela Time como um dos 100 melhores romances em inglês entre 1923 e 2005, é o primeiro livro de uma saga que abrange no total 4 livros e 1 novela, tendo o Pulitzer Prize for Fiction sido concedido a 2 livros da colecção: “Coelho Enriquece” e “Coelho em Paz”.



Contos de Amor, Loucura e Morte” de Horácio Quiroga, Cavalo de Ferro (5€)


Sinopse: Nestes pedaços de narrativa Quiroga ilustra de forma esmagadora a luta do homem contra o destino, as batalhas contra a natureza e a solidão incomensurável dos personagens, a presença totémica da morte, da doença, do lado negro da realidade; tudo nestas histórias segue um percurso de decadência que, contudi, estabelece uma espécie de catarse que exorciza a esperança.

Reconhecimento: Quiroga é considerado o pai do conto sul-americano.



“Maina Mendes” de Maria Velho da Costa, Dom Quixote (4.9€)


Sinopse: «É na trama de uma escrita densa e plural, de um virtuosismo sem exemplo entre nós, que Maina Mendes se encontra inscrita e dispersa em múltiplos perfis, «puzzle» voluntário organizado do interior (ou do lado invisível da trama) pela pressão uniforme do mundo recusado, mundo masculino onde ela é a voz silenciada, negada ou submersa que se recusa à afonia definitiva. (...) Nenhum dos nossos livros contemporâneos redistribui com tanto sucesso as experiências mais criadoras da prosa portuguesa, de Fernão Lopes a Guimarães Rosa, paisagens atravessadas e recriadas, a par de outras, com uma originalidade absoluta.» Eduardo Lourenço

Reconhecimento: Maria Velho da Costa venceu o Prémio Camões em 2002



“O Amor e o Escárnio” de Dario Fo, Gradiva (5€)


Sinopse: Hereges, fanfarrões, transgressores deliberados ou involuntários, protagonistas das histórias de uma outra História, não da oficial e expurgada, recriadas e contadas pela voz única de Fo. Com ilustrações do autor.

Reconhecimento: Dario Fo venceu o Prémio Nobel da Literatura em 1997.


“A Correspondência de Fradique Mendes” de Eça de Queirós, Biblioteca Editores Independentes (4.5€)


Sinopse: O livro é constituído por 2 partes: na primeira o narrador apresenta Fradique, um poeta que muito admira, colocando-o em interacção com personalidades reais (Antero de Quental, Ramalho Ortigão…); na segunda são apresentadas cartas escritas por Fradique.


Reconhecimento: É o Eça! São necessárias provas de reconhecimento?!